terça-feira, 8 de novembro de 2011

Fragmentos

Na quina do horizonte plantei esperanças hostis,
Pedaços de risos e memórias incompletas.
Lancei minha velhice inda não manifestada
E dela extraí algo que seria um homem, que quando criança não seria.

Na quina do horizonte perdi as aparências mais puras
Caídas dos furos de um bolso eremita.
Tomei por perfeito um erro mal feito
E edifiquei na bateia meu devenir intangível.

Na quina do horizonte há seios chupados. Cheiros suados, despidos de pudor.
Há corpos surrados. Corpos surrados.

Na quina do horizonte, no vértice do tempo, compreendi o sentido do nada e respirei a liberdade da descrença.

Cabelos caídos, lençóis não dormidos e dores de parturiente, na quina do horizonte.
Encontrei o fim e o começo, onde navios virão a pique e estradas terão fim.

Na quina do horizonte não é primaz o tempo e toda morte ocorre em um segundo, alimentando d’alma água e pão. 

Consolam escombros
Na quina do horizonte, na quina do horizonte, na quina do horizonte.