quarta-feira, 29 de abril de 2009

Soneto de Sá

Olhos de mel. Fios de ovos.
Cabelos e pernas que agradam.
Dentes em desalinho
Mordem meu sossego.

Pequena. Criança. Travessa.
Traz paz aos ruídos constantes
E ri, de mim e de si
E vive prazerosamente simples.

Um coração descompassado
Veste-se de longas arritmias
Com panos floridos de excessiva vida

E baila, como se chuva regasse
O ventre, os seios e a face
Num samba que orna meu peito em avenida.

Insone ao sono

Insone osculava o papel com pena
Vingava-se de suas desilusões
Matava uma alma, criava um poema
Despida de trapos, sem ambições.

Rompante logrado, uma voz ouvida
Etérea ou profana, pouco importara
Roubada então da noite sofrida
Sibilar no peito que se acalmara.

Alheia e distante, embriagada.
Morrendo precoce, quase infantil
Seus olhos de amêndoas lacrimejavam.

Se pernas e braços fraquejavam
Moral prosseguindo alquebrada
Quão bela mortalha, dormiu.