quarta-feira, 15 de julho de 2009

Soneto a Defensora da Humanidade

Alva. Pura, breve, ruiva e alva.
Teu nome reflete Justiça e alma
Candura que esconde fervura de lava,
Em lábios vermelhos de paz e de calma.

E os olhos? Belos, confusos e hipnóticos
Tornam inseguro do justo ao hipócrita
Vítreos e imóveis, relembram bonecas
Contemplam e estimam tuas Pipocas.

És, também, busto, pescoço e sardas
Espera-se que venhas e partas
Breve qual bom pressentimento.

Plena. Segura no palco de minissaia
Recato de anjo, perfume que baila
No imaginário que aplaude prazendo.

Se eu fosse eu...

Ah se eu fosse eu! Tudo ia ser diferente
Sofreria menos, seria tão sorridente
Traduziria minha inteligência em atos
Usaria mais tênis, menos sapatos.

Ah se eu fosse eu! Com tantos predicados
Teria respostas para o mundo. Reconhecer-me-ia sortudo
De ter um cabedal de possibilidades tão vasto
Que seria impossível entristecer-me sequer um ato.

Ah se eu fosse eu, se eu fosse eu!
Já não seria mais ensimesmado
E irradiaria o fogo roubado por Prometeu.

Não sou mais eu, por isso deixa-me!
Já não possuo certezas do passado,
Estou abnegado: fujo calado aos conselhos seus.

Réu

Caí. Várias vezes caí.
Ao chão precipitado chorei
Dores e pesares da consciência
Deste conhecido imoral.

Perdi. Na queda perdi moedas e amores
Somei culpas, tristezas e temores
E o ânimo de manter a espinha ereta
Fugiu atado às alegrias preteridas.

Lembranças, cortes, retalhos e feridas
Abertas, purulentas e sofridas
De um que não merece compaixão.

De resto, carpir os anos que sobram de vida
Sementes novas, terra apodrecida
Esperançar brotar Consolação.