quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Polaróides Mentais

Vejo teu cheiro, enxergo teu gosto,
Ornado teu rosto, retiro teus brincos
E brinco. Brincamos e rimos
Que seria do gozo sem riso? Do desejo sem rima?

Pudores de lado, olhares profundos
Desejos de marte, fraquezas do mundo
Fluídos doces e amargos, tão caros
Cara superação de entrega, despir-se dos medos.

Saltamos! No abismo de teus seios mergulho
Mergulhas tua cabeça em meu peito
Afagos de madeixas, beijos preguiçosos.

Viris. Tomados por uma fúria memorável
Abraçamos rol completo de pecados
Registros indeléveis de prazer.

Postais

Distância certa, propícia, separa-nos
Inquietante equilíbrio que respeita
Em sol irradiante de madeixas
E queixas que igual nos deparamos.

Cheira, a doce fruto e flor de pessegueiro
Esmeraldino olhar desassossega
Forjando pensamentos caridosos
Que frustram o distúrbio dos gracejos.

Um quadro que figura inconsciente
Sutil, malicioso ou inocente
Em dúvidas decotadas tão morais.

Num átimo, daquele viajor que segue errante
Percebo bela foto tão distante
Paisagens de um mundo de postais.

Acaso

Então o acaso nos apresentou
Como um tropeço na sarjeta
Caí de maduro e ri de mim
Sem graça, pois vi você.

E logo percebi que gesticulava
Freneticamente, como máquina
Era descompassada e esquisita
Acaso estava nervosa também.

Fulano falou: - Essa é...
Olhei de soslaio, sem jeito
Estendi a mão, suei frio.

Seus lábios se abriram, secos, colados
Ouvi um gemido: - Prazer
E o prazer foi todo meu.