terça-feira, 14 de julho de 2009

GRITO

Sou uma poesia incompleta. Um rosto sem traços. Bandeira sem mastro. Vassoura sem palhas. Meu próprio abismo sou eu.

Sou revolta, sou medo, angústia e desprezo, sou pudor, covardia, posso ser todavia o contrário do bom senso, lamento, invento, sustento, que tempo frio...

Onde estou, quem sou, o que faço, passo, rebato, farrapo, opaco e sem cor.

E a pureza, beleza, certeza, encanto, maestria, alegria, soam distante como uma subtônica miudinha.

E então que se exploda o mundo, peguem fogo as realezas, a pureza se dane, que pane, vexame, assim seja.

E depois que acorde em soluços acuado e com remorso, aliviado da dor.

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