terça-feira, 26 de abril de 2016

Ir-Resignado

Queria escrever algo belo, mas sou um sentir falta só.

Falta seu cheiro por perto, faltam suas pernas sem fim, o seu coração tuc tuc, as rezas que faz por mim.

Faltam seus lábios, enfim e os beijos que me arrebatam, falta a mulher bem pacata e a força de um querubim.

Falta seu travesseiro na cama, seus filmes de ficção, seu olhar firme e duro, seu choro de emoção.

Faltam seus seios fartos e sua plasticidade, falta o gemido suave e o frio no quarto que invade.

Falta a filha sentida, a filha que sentido deu. Falta alegria viva, à mesa ao lado seu.

É um apagar de luzes, uma vida no breu. Ausência que desatina, num desatino que é meu.

Falta minha mais dura amiga, aquela que mais me doeu. Falta o silêncio do tempo, gritando saudades suas, falta sentido na rua e quem sente falta sou eu.

Falta ungir alianças, em confissão conjugal. Faltam na casa crianças e roupa estendida ao varal.

Falta sentido e azimute, falta o motivo moral. Falta uma luz que afaste, meus pensamentos do mal.

Hoje falta quase tudo e o tanto que resta nem falta me faz. Falta você no futuro, dos verbos em seus plurais.

Falta acampar em sua vida, um latifúndio sem fim. Falta poder chorar mudo, falta deitar em seu colo, falta poder dizer sim.

Falta um pedaço do tempo, falta um pedaço de mim. Falta viver no convívio, a falta que sinto é assim.

E o ontem já tarde se mostra.

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